Já não é novidade nenhuma pois faz tempo que o YouTube lançou a possibilidade de activar a visualização dos seus vídeos através de HTML5 alternativamente à utilização do Adobe Flash Player.
Apesar de não ser algo novo interessei-me particularmente por experimentar depois de toda a polémica que o Steve Jobs lançou sobre o Flash. Para tal muni-me do Google Chrome (o único browser para além do Apple Safari a suportar o YouTube em versão HTML5) e aderi à beta em: http://www.youtube.com/html5
Antes de passarmos a discussões filosóficas vamos analisar aquilo que a página do YouTube nos diz acerca desta nova tecnologia.
This is an opt-in experiment for HTML5 support on YouTube. If you are using a supported browser, you can choose to use the HTML5 player instead of the Flash player for most videos.
Bem até aqui tudo bem… tal como referi é uma experiência opcional apenas para quem queira testar tratando-se de uma beta. Depois dizem que se o nosso browser suportar (mais sobre isso adiante) iremos ser servidos através do player HTML5 em vez de Flash para a maioria dos vídeos. Quanto a esta afirmação confirmo que boa parte dos vídeos (normalmente os mais recentes) estão disponíveis no novo formato.
Indo um pouco mais abaixo (quero guardar o melhor para o fim) temos:
Updates!
- 1/27/2010: Fullscreen support enabled (if supported by browser).
Additional Restrictions (we are working on these!)
- Videos with ads are not supported (they will play in the Flash player)
- Fullscreen is not supported
- If you’ve opted in to other testtube experiments, you may not get the HTML5 player (Feather is supported, though)
Temos aqui um update às restrições. Uma das restrições era a falta de suporte à visualização dos filmes em Fullscreen. Tal foi recentemente (27 de Janeiro de 2010) corrigido para que caso o browser suporte seja possível assistir em full screen (no Chrome ainda não descobri como mas pode ser que o Chrome seja um dos tais que não suporta).
Fala-se ainda da possibilidade de se estivermos a usar outras “betas” (TestTube) do YouTube estas entrarem em conflito com a beta do HTML5 e faça com que os vídeos não sejam visualizados utilizando o player HTML5 (e avisa desde já que o Feather não é afectado por esse problema).
Passamos então à melhor parte:
Supported Browsers
Right now we support browsers that support both the video tag in HTML5 and the h.264 video codec. These include:
- Google Chrome
- Apple Safari (version 4+)
- Microsoft Internet Explorer with Google Chrome Frame installed (Get Google Chrome Frame)
Começando pelo fim. O Google Chrome Frame não passa de um método para correr o motor do Google Chrome dentro do Internet Explorer. Não é portanto mérito do Internet Explorer e como tal não se pode considerar que o Internet Explorer suporte HTML5 (de facto não suporta de todo).
Depois temos claro o Apple Safari que na versão 4 já suporta bastantes funcionalidades do HTML5 incluindo a tag <video> utilizada no novo player do YouTube. Não é espanto o Safari ter este suporte tendo em conta tudo o que o Steve Jobs disse contra ao Flash.
Por fim temos o Google Chrome que obviamente não poderia ficar de fora. Quer porque utiliza o mesmo motor de rendering (o WebKit) que o Safari quer porque pertence à Google tal como o YouTube. Por isso é mais que natural que suporte igualmente o HTML5 no YouTube.
Agora vem o vazio… então e o Firefox e o Opera. O Firefox desde a versão 3.5 que suporta a tag <video> do HTML5 e o Opera na sua versão 10.5 (em desenvolvimento também). Então qual é o problema? O problema é que não basta suportar a tag HTML5. Para além disso é necessário que o browser suporte que os vídeos estejam no formato H.264.
Quando o HTML5 foi idealizado prentendia-se que fosse obrigatória a utilização de um standard em termos de codecs de video e audio para as respectivas tags. O que foi inicialmente definido seria a utilização de Ogg Theora para video e Ogg Vorbis para audio, ambos formatos livres. O problema é que com o tempo acabou-se por alterar essa obrigatoriedade apenas para uma recomendação. Então houve quem adoptasse também o H.264. No caso da Apple eles renegam mesmo o Ogg pois utilizam o QuickTime para suportar a tag de <video> e <audio> e não estão dispostos a incluir o suporte destes formatos de origem no QuickTime. Já a Google suporta ambos tendo licenciado o H.264 para uso no seu browser Google Chrome. Quanto ao Internet Explorer nada se sabe pois, para já, o seu suporte a qualquer especificação HTML5 é nula sendo que teremos que aguardar por novidades sobre o Internet Explorer 9 até haver alguma luz sobre este assunto por parte da Microsoft.
Sobra-nos então o Firefox e o Opera. Ambos suportam Ogg mas não suportam H.264 (o Opera em Linux pode suportar ligando-se ao GStreamer mas por si só não suporta). Como tal estão excluídos de utilizarem o YouTube HTML5 ou qualquer outro site que utilize H.264.
Mas perguntam-se porque raio a Mozilla e a Opera não compram a licença para usar H.264? A resposta é simples… o custo exorbitante por um lado e a filosofia por outro. Sim ouviram… filosofia. Especialmente a Mozilla recusa-se a apoiar como “standard” algo que não seja livre e aberto. A Opera apesar de não ser tão fundamentalista acaba por ir pelo mesmo caminho queixando-se principalmente dos custos.
Por isso como podem ver o futuro não parece muito risonho nos standards de que codecs utilizar no HTML5. A luta continua mas infelizmente parece-me que o H.264 veio para ficar pois tem melhor qualidade à mesma bitrate do que o Ogg Theora e o existe a possibilidade de utilizar aceleração por hardware na sua descodificação tornando-se por isso mais leve e eficiente.
Quanto à minha experiência no YouTube HTML5 sinceramente acho melhor que usar flash pois a página torna-se mais leve e o playback do vídeo gasta menos recursos (nomeadamente CPU). No entanto noto que a qualidade é um pouco pior por vezes (existe uma certa excessiva pixelização da imagem) provavelmente devido ao Chrome utilizar um codec mais optimizado para performance e não qualidade. Apesar desta descida de qualidade acho um experiência bastante interessante e enquanto não tiver problemas de maior vou continuar a utilizar o YouTube no modo HTML5.
Apesar de apenas ter falado de YouTube por aqui digo também que o Vimeo já tem também disponível os seus vídeos em HTML5 (mais uma vez utilizando H.264 em vez de Ogg Theora) tal como podem conferir neste link http://vimeo.com/blog:268
Links:
YouTube HTML5
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